A equipe do Instituto Argonauta, através do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), continua trabalhando no caso da baleia Jubarte morta, que surgiu no final da tarde do último sábado (7), flutuando no canal entre Ubatuba e Caraguá, no litoral paulista.
No domingo, já pela manhã, técnicos do Instituto conseguiram localizar e se aproximar do animal, que é um macho com cerca de 13 metros e já se encontra em estágio avançado de decomposição.
Depois de coletar amostras de material biológico, os técnicos iniciaram o processo de ancoragem. A técnica criada por Hugo Gallo Neto, oceanógrafo e presidente do Instituto Argonauta, evita que a Baleia seja levada pela corrente até a região costeira.
“Estamos muito satisfeitos por ter conseguido iniciar o processo de ancoragem do animal, antes que ele fosse levado para uma praia sem acesso, ou mesmo até uma área em que há fluxo de banhistas, moradores e turistas em geral”, conta Danilo Camba, biólogo e gerente de operações do Instituto.
Segundo Gallo, a técnica de ancorar o animal tem se mostrado uma melhor relação custo benefício, pois baleias encalhadas em praias com alta densidade de banhistas (como é muito comum no Litoral Norte), causam um enorme transtorno e grande investimento em dinheiro.
“Ancorá-las enquanto ainda flutuam em locais que não afetam a navegação e que sejam desabitados, foi a solução encontrada por nós de melhor custo benefício. Pois um barco com uma equipe de três pessoas dá conta do serviço. Sem falar que o corpo em decomposição da baleia cumpre seu papel natural de aporte de nutrientes no ambiente marinho”, explica Gallo.
O oceanógrafo alerta para possível ocorrência de predadores como tubarões e orcas no local. “Embora aqui no Litoral Norte nunca tenhamos, ao longo destes 20 anos, verificado a ocorrência de tubarões no entorno de baleias mortas boiando, fica aqui o alerta. Já que, em diversos lugares, há relatos de tubarões se alimentando da carcaça de baleias”, completa.
Outro alerta da equipe está relacionado a possíveis acidentes envolvendo embarcações. “Baleias à deriva podem ser um grande risco a navegação em especial para barcos que trafegam a noite. Desta forma, toda vez que ancoramos uma baleia numa costeira e avisamos a Marinha, além de uma correta destinação ao corpo do animal, podemos estar evitando acidentes no local”, enfatiza Gallo.
O PMP-BS é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural no Pólo Pré-Sal da Bacia de Santos.
O projeto é conduzido pelo Ibama e coordenado pela Univali sob a responsabilidade do Instituto Argonauta no litoral Norte do estado de São Paulo.